Apesar de sua localização privilegiada no coração da Europa e seu alto nível de desenvolvimento, a nação lida com problemas econômicos que surpreendem muitos analistas.
Além de questões como infraestrutura deteriorada e uma dívida pública elevada, o mercado de trabalho belga apresenta um problema oculto que agora vem à tona.
Embora a taxa de desemprego na Bélgica seja relativamente baixa, cerca de 5,8%, uma análise mais aprofundada revela uma realidade preocupante. O mercado de trabalho belga parece estar quebrado, impedindo que a economia alcance seu pleno potencial. Recentemente, o ministro do Emprego, David Clarinval, destacou que 60% dos desempregados no país não têm origem belga, revelando um desafio que o governo está determinado a enfrentar.
Desigualdade no desemprego
Dados da Eurostat mostram que a Bélgica possui uma das menores taxas de desemprego entre cidadãos nascidos no país, apenas 4,5%. No entanto, a situação é bem diferente para aqueles que não nasceram na União Europeia. A taxa de desemprego entre esses indivíduos alcança 14,5%, colocando a Bélgica na quarta posição entre os países europeus com maior desemprego para estrangeiros fora da UE.
Essa discrepância de 10 pontos percentuais entre nativos e estrangeiros preocupa o governo belga, que agora busca soluções para integrar melhor esses cidadãos ao mercado de trabalho. O ministro Clarinval destacou a necessidade de se concentrar em pessoas que enfrentam barreiras linguísticas e dificuldades para compreender o sistema institucional do país.
60% dos desempregados não são belgas
O governo belga está implementando uma série de medidas para melhorar a integração de cidadãos estrangeiros e criar incentivos econômicos eficazes. Uma das estratégias envolve a redução de certas prestações sociais que poderiam estar perpetuando o desemprego de longa duração. A ideia é gerar os incentivos corretos para que mais pessoas entrem no mercado de trabalho.
Além disso, o governo está preocupado com o aumento da criminalidade, que tem levado a Bélgica a ser vista como um ‘n4rc03st4do’ leve por algumas instituições. Um juiz de Antuérpia destacou que o crime organizado está infiltrado em portos, na polícia e até no poder judiciário, representando uma ameaça às instituições do país.
A voz do governo
Em declarações à rádio Bel RTL, o ministro Clarinval enfatizou que todos, incluindo pessoas de origem estrangeira, devem trabalhar. Ele pediu controles mais rigorosos e uma melhor integração, questionando se todos os beneficiários de prestações realmente residem na Bélgica. Em 2022, foram detectados 5.800 casos de fraude, o que sugere a necessidade de mais fiscalização.
O primeiro-ministro belga, Bart De Wever, também está promovendo mudanças na política de imigração, introduzindo requisitos mais rígidos de renda e períodos de espera mais longos para vistos de reagrupamento familiar. A partir do próximo ano, não será mais possível receber indefinidamente prestações por desemprego, e aqueles em licença médica de longa duração enfrentarão controles médicos mais rigorosos.
Impactos econômicos e sociais
Essas mudanças podem afetar cerca de 180.000 belgas, que perderão suas prestações por desemprego em 2024, resultando em uma economia de quase 2 bilhões de euros para o Estado. A situação das finanças públicas é preocupante, com um déficit público que pode ultrapassar 5% em 2025, segundo um relatório do banco de investimento francês Natixis.
Na região de Bruxelas-Capital, estima-se que quase 42.000 pessoas possam ser afetadas pelo novo limite de dois anos para as prestações de desemprego. Em janeiro de 2026, aproximadamente 4.000 pessoas perderão suas prestações, recebendo cartas de aviso sobre a cessação da ajuda.
Um futuro incerto
As políticas do governo belga representam uma faca de dois gumes. Enquanto a retirada de algumas ajudas pode estimular a entrada de certos perfis no mercado de trabalho, também há o risco de aumentar a pobreza e a criminalidade. A Espanha é frequentemente citada como um exemplo de sucesso na integração de imigrantes, mas a situação belga é complexa e pode ter atingido um ponto crítico.
A Bélgica enfrenta um momento decisivo em sua história econômica e social. As medidas adotadas podem ser um passo na direção certa, mas o equilíbrio entre incentivo ao trabalho e apoio social será crucial para o futuro do país.
O estado das finanças públicas é preocupante. Se não forem adotadas medidas corretivas a tempo, o déficit pode se manter alto, colocando a Bélgica em uma situação semelhante à da França.
| Indicador | Valor |
|---|---|
| Taxa de desemprego geral | 5,8% |
| Taxa de desemprego entre nativos | 4,5% |
| Taxa de desemprego entre estrangeiros fora da UE | 14,5% |
| Economia prevista com cortes | 2 bilhões de euros |