A faísca da polêmica moderna

O estopim veio quando o Tribunal de Contas francês incluiu a escadaria num relatório sobre patrimônio francês em Roma. Traduzindo: os caras listaram o negócio como se fosse deles, ou pelo menos com um pé ali. Isso acendeu o pavio em parte da classe política italiana, que respondeu no modo “ok, então devolve a nossa Gioconda”. Sim, estamos falando da obra de Leonardo da Vinci que está no Museu do Louvre.

O que está em jogo de verdade

Não é que alguém esteja tentando colocar catraca nos degraus. O governo francês, até agora, não demonstrou intenção de assumir a gestão da escadaria nem arcar com a manutenção. O ponto é simbólico: o que é oficialmente de quem, em que termos, e por que isso importa diplomaticamente.

Quem acompanha disputas culturais pela Europa sabe: é questão de prestígio, narrativa histórica e, claro, política. Para entender por que patrimônio cultural vira arena diplomática, vale ler materiais de organismos como a UNESCO, que tratam de proteção e gestão de bens culturais no mundo.

O que os turistas pensam (e por que eles também têm razão)

No entorno da escadaria, a reação dos visitantes foi básica: gente dizendo que todo mundo devia agradecer a existência do patrimônio em vez de brigar.

Um lugar público, com alma internacional, que está na Itália e faz parte do imaginário turístico do mundo inteiro. Pode soar ingênuo, mas tem lógica: patrimônio compartilhado também é uma forma de cooperação cultural entre países.

No final do dia, a Escalinata da Trinità dei Monti continua sendo um patrimônio compartilhado na prática: construída com dinheiro francês, vivida e mantida pela Itália, desejada por milhões de turistas com um smartphone no bolso e, claro, debatida por políticos que adoram uma boa guerra cultural.

Se alguém quiser mesmo “levar” a escadaria, vai precisar de mais do que um relatório contábil. E, sinceramente, tentar carregar degrau por degrau seria o tipo de piada que Roma contaria por mais 2 mil anos.